21 de abril de 2010

#3 Serpa, dia de procissão






As festas em honra de Nossa Senhora de Guadalupe, padroeira de Serpa, sendo coincidentes com a Páscoa, prolongam-se até terça-feira. A imagem da padroeira é transportada da ermida, onde permanece todo o ano, para a igreja matriz, e na segunda-feira percorre em procissão as ruas da cidade. É uma festa bonita, em que os serpenses que vivem fora regressam nesses dias, não apenas para estar com a família, mas também para prestar homenagem a Nª Srª de Guadalupe. É uma festa religiosa, onde a expressão pagã se manifesta, por exemplo, na oração a Nossa Senhora em cante alentejano.
Sempre foi uma festa com as suas vicissitudes, não fosse Serpa uma terra alentejana com memória dos tempos de outrora e fortemente ideologizada. Sempre foi uma festa pacífica, em que as pessoas respeitosamente acompanham a sua padroeira. No entanto, este ano a procissão foi conflituosa e polémica porque o andor de Nª Srª da Conceição, que em anos anteriores acompanhou a procissão, foi retirado.
A história conta-se de forma breve. O pároco de Serpa, por questões litúrgicas, entendeu que não fazia sentido que a imagem de Nossa Srª de Guadalupe fosse acompanhada pela de Nª Srª da Conceição porque, apesar de nomes diferentes, são uma mesma pessoa. Por isso terá tomado a iniciativa de substituir Nª Srª da Conceição pela imagem do Sagrado Coração de Jesus. Na hora da saída da procissão, as pessoas que estavam em frente à igreja indignaram-se com a ausência do andor e entre protestos e insultos, em que a GNR teve que intervir, exigiu-se que a imagem acompanhasse a procissão. O pároco ainda se tentou justificar mas de pouco serviu. Logo em seguida a imagem apareceu transportada ao colo por dois homens e assim, de forma inusitada, percorreu as ruas da cidade. Por isso a procissão de Serpa teve este ano a presença alegórica da GNR.
No dia a seguir o Bispo de Beja dizia: As pessoas que não são praticantes, que só vão à festa e estão à espera que se faça sempre igual, é que se portaram mal." e "quem mais protestou são pessoas que não praticam e que vão apenas à festa. Não são aquelas que fazem parte da comunidade normal, embora o padre tenha de trabalhar com todas" (Correio da Manhã). Algumas das pessoas que fazem parte da “comunidade normal” nos dias a seguir, de forma exagerada, diziam que tinham vergonha de ser de Serpa, por outro lado, os que apenas “vão à festa” indignavam-se por não se cumprir a tradição. Exageros à parte, tudo acalmou porque o povo é sereno e o bom senso imperou.

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